Memórias em Montauk

terça-feira, 30 de junho de 2009


Sabe quando tudo o que a gente quer é ter um botãozinho "Delete" grudado em alguma parte da nossa cabeça e, a qualquer momento, pressioná-lo? Ao maior estilo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, claro. Já passei muito por isso. Queria apagar de uma vez certas pessoas que, ingenuamente, deixei que me magoassem, esquecer momentos que eu gostaria de nunca ter vivenciado, atitudes que tomei magoando pessoas queridas. É duro reelembrar, todo mundo tem seu dia de Clementine. Mas e se esse botãozinho, essa válvula de escape realmente existisse, seríamos plenamente felizes? Acho que não. Parece clichê dizer isso, mas erros - nossos e dos outros - são fundamentais pra construir tudo o que somos hoje, tudo o que seremos amanhã. Sim, porque por mais que seja aliviante apagar coisas da gente, no fim das contas, as memórias são retratos, mesmo que dos erros, e é com elas que saberemos fazer certo da próxima vez. E, não, não é questão de remoer, é questão de aprender. Claro que, se o Mark Ruffalo quiser vir aqui em casa, as portas estão sempre abertas, mas minhas intenções são outras com o moço - faço questão que minhas lembranças permaneçam intactas, obrigada. E trato de manter minhas memórias-retrato penduradinhas na parede. Afinal, sejam 3x4 ou ampliadas, sejam boas ou ruins, elas são nada menos que minha vida.

Brindar, não blindar defeitos

quarta-feira, 10 de junho de 2009


De médico, louco e perfeccionista todo mundo tem um pouco. E é preciso de pelo menos essas duas últimas características pra fazer a linda, rica e loira Nicole Kidman chorar durante as filmagens de Eyes Wide Shut; Stanley Kubrick que o diga! Mas piadinhas-chatas-de-cinéfilos-chatos à parte, acho que ultimamente talento para medicina e aptidão esquizofrênica têm me faltado, me restando perfeccionismo de sobra. Não, sobra não, porque sobra não é coisa boa, logo não é perfeito, logo não me apetece. Entende a gravidade da coisa? Num desses momentos de terapia e reflexões sobre a vida ao som de música mela-cueca, cheguei a conclusão de que super abri mão do meu blog e, mas do quê isso, abri mão de uma das minhas maiores paixões, que é justamente escrever, por medo de postar algo que não fosse convincentemente bom e depois ler e ficar com cara de que-bërda-é-essa-que-eu-escrevi. Aaah, já chega! Não sou escritora profissional, portanto chega de neura na hora de botar pra fora no meu PRÓPRIO ESPAÇO o que eu tiver vontade. E sabe de uma coisa? Nicole Kidman deveria mesmo era ter rodado a bahiana, "dane-se se o cara é o maior gênio do cinema, sou loira, rica e linda E AINDA esposa do Tom Cruise (bons tempos), chega aí, bêibi, vamos deixar esse mala-sem-alça com o perfeccionismo dele sozinho". Porque gente perfeccionista só nota que é um saco quando fica sozinha e percebe o drama que é a autocondenação, não aceitar seus limites, suas fraquezas. A real é que só me sinto a vontade quando escrevo e se for pra ficar me prendendo toda vez que for digitar algum post, por mais insiginificante, esdrúxulo e sem nexo que seja, acho que é melhor baixar as portas disso daqui e botar uma plaquinha de "closed" em garranchos (letras garrafais são pefeitas demais, dispenso). Então a partir de agora, ignorem (ou não) se virem um post de duas linhas e sem sentido algum por aqui. Serei eu fazendo as pazes comigo e com meu blog. Serei eu tirando os sapatos dentro da minha própria casa. É, acho que enfim estou de volta e posso chamar isso aqui de meu lar. (: